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Nathalia Paganin

Enfrentando Desafios de Saúde - aumento do piso salarial e o número de leitos de uti por enfermeiro

Atualizado: 23 de ago. de 2023

O recente aumento do piso salarial dos profissionais de enfermagem no Brasil tem gerado discussões acerca de seus efeitos, sobretudo no âmbito das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O cenário da saúde nacional, embora desafiador, demanda uma abordagem sensível e equilibrada para garantir a qualidade do atendimento aos pacientes. Em meio a essas mudanças, estratégias como o aumento do número de leitos por enfermeiro têm se destacado como soluções emergenciais para otimizar recursos e promover economia, embora isso impacte negativamente na segurança do paciente e na qualidade do trabalho dos times assistenciais, aumentando inclusive o risco de burnout.


Entenda os impactos indiretos do aumento do piso salarial de enfermagem nas UTIs brasileiras e o papel da automação na otimização de recursos.

Reconhecendo a Importância da Enfermagem e a Necessidade de Recursos

É incontestável a relevância dos profissionais de enfermagem no sistema de saúde. O aumento do piso salarial é uma vitória importante para valorizar esses trabalhadores, que atuam na linha de frente, cuidando dos pacientes com dedicação e comprometimento. Contudo, é crucial considerar o equilíbrio financeiro das instituições de saúde, já que o investimento em pessoal qualificado demanda recursos substanciais que devem ser alocados de forma estratégica. Uma das formas de fazer isso sem comprometer a qualidade no atendimento, é otimizando processos e reduzindo custos de forma indireta, sem movimentar diretamente o corpo profissional.


Impactos na Distribuição de Responsabilidades

Uma das adaptações observadas nas UTIs brasileiras após o aumento do piso salarial foi a reestruturação na distribuição de responsabilidades. A relação entre o número de leitos e enfermeiros foi ajustada para um enfermeiro cuidando de 10 leitos. Essa alteração, embora necessária para otimizar os gastos, levanta questões sobre a qualidade do atendimento e a capacidade de dar atenção individualizada a cada paciente. Se considerarmos todas as responsabilidades destinadas aos enfermeiros e técnicos de enfermagem hoje, e o estado crítico de pacientes em UTI, parece arriscado dedicar uma única pessoa para 10 leitos, considerando que sob o olhar desta pessoa haverá ainda, em média, 5 técnicos de enfermagem, e que deverão garantir que estejam sendo aplicadas as normas de segurança e qualidade.


Otimização de Recursos como Solução

Diante desse desafio, a busca por soluções que promovam a otimização de recursos é essencial para manter o padrão de qualidade nos cuidados prestados. A automação e a digitalização das UTIs surgem como alternativas viáveis para reduzir custos indiretos, garantindo ao mesmo tempo a excelência no atendimento. A incorporação de tecnologias pode aliviar a carga de trabalho dos enfermeiros ao simplificar processos administrativos, permitindo que eles concentrem sua atenção no cuidado direto aos pacientes. Um exemplo disso é a automação do beira-leito, que reduz a carga de trabalho sobre o time assistencial, otimizando o trabalho, e reduzindo de forma indireta o custo com EPIs, pois são necessárias menos visitas diárias aos leitos, já que elas se concentram em visitas para cuidados assistenciais. Outra ferramenta digital que tem o potencial de otimizar processos e reduzir custo, é a central integrada, que possibilita o monitoramento remoto de todos os equipamentos conectados aos pacientes, melhorando assim decisões clínicas e gerenciamento de recursos, como medicamentos.


Existem hoje diversas empresas capacitadas e especializadas em desenvolver soluções para otimizar processos e aumentar a eficiência de áreas críticas como a UTI, como a Carenet, que realiza a integração de todos os equipamentos e sistemas hospitalares, permitindo um acompanhamento panorâmico remoto de todos os pacientes críticos, além de oferecer a integração automática de dados de telemetria ao prontuário eletrônico.



Automação: Promovendo Eficiência e Cuidado Personalizado

A automação não apenas alivia a carga de trabalho, mas também contribui para um ambiente mais seguro e eficiente. Sistemas de monitoramento automatizados podem rastrear constantemente os sinais vitais dos pacientes, alertando a equipe médica sobre qualquer alteração relevante, além disso são capazes de armazenar os dados e compará-los, possibilitando decisões e intervenções mais assertivas e uma resposta mais rápida, potencialmente evitando complicações mais graves. A digitalização dos registros de pacientes também simplifica a documentação e facilita a comunicação entre os membros da equipe. Outro grande benefício da automação é a possibilidade de visualizar de forma facilitada, dados que antes eram visíveis por um curto período de tempo, no equipamento, como informações sobre o ventilador mecânico, e interações medicamentosas com o estado de saúde do paciente, esses dados permitem por exemplo, um protocolo de desmame mais qualificado.


Equilíbrio entre Tecnologia e Toque Humano

Embora a automação seja uma ferramenta poderosa, é importante ressaltar que ela não deve substituir o toque humano e a atenção individualizada que os enfermeiros proporcionam. A tecnologia é um complemento, não um substituto, para a expertise e a sensibilidade humana no cuidado com o paciente. Portanto, a combinação harmoniosa entre tecnologia e interação pessoal é essencial para garantir um ambiente de UTI eficaz e compassivo.

 

Conclusão: Avançando com Sensibilidade e Eficiência

O aumento do piso salarial de enfermagem, apesar de suas implicações financeiras, deve ser equilibrado com estratégias que otimizem os recursos disponíveis. A reestruturação da distribuição de leitos por enfermeiro é uma abordagem que visa a economia, mas também exige que se adotem medidas para garantir a qualidade e a segurança do atendimento. A automação e a digitalização se apresentam como aliadas nesse processo, proporcionando um ambiente de cuidado mais eficaz e permitindo que os profissionais de enfermagem concentrem-se no que realmente importa: oferecer cuidados de excelência aos pacientes. Nesse contexto, o equilíbrio entre avanços tecnológicos e a abordagem humanizada é a chave para promover um sistema de saúde resiliente e centrado no paciente.




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